Pode-se dizer que o aparecimento da internet e sua disseminação tornou o mundo um pouco menor. Hoje, aquela sensação de nostalgia, de quando lembrávamos de amigos e colegas da infância ou adolescência, pode ser curada imediatamente, simplesmente utilizando a ferramenta de procura das redes sociais. Não são raras as vezes que fizemos isto. Raras também não são as vezes que, ao intento alcançado, por vezes apenas trocamos meia dúzia de palavrinhas, alguns vísdeo e arquivos e pronto. Acabam as lembranças, terminam as sensações nostálgicas e a vida segue. É como se fosse um pássaro que você era encantado pelo seu canto fortuito, livre e descompromissado. Daí você resolve aprisioná-lo com desejo de ouvir seu canto o tempo todo. Entretanto, após algum tempo, aquele canto já não te empolga mais. Daí você resolve aprisionar outro pássaro, depois outro e mais outro até perder, dentro de si, aquele sentimento gostoso que tinha quando os bichinhos estavam livres. Há de se não furtar as facilidades e comodidades trazidas pelo acesso ao mundo virtual. O mundo parece estar cada vez mais descortinado e aberto. Passamos a enxergar as pessoas por outro ângulo, de outra forma.
"Mas, será que estamos todos preparados para estas mudanças?" "Ou será que estas mudanças evidenciaram uma casta da população que se apega pelo ilícito e antiético?"
Por vezes nos deparamos na internet com casos de fúria xenofóbica, sexista, preconceituosa, de intolerância e pedofilia. Isto sem contar os diversos vídeos e fotos que se proliferaram, principalmente com o advento do WhatsApp, rede de compartilhamento de mensagens, vídeos e fotos com acesso direto pelo celular; onde a fiscalização de conteúdo se torna ainda mais penosa devido a particularidade dos compartilhamentos. A possibilidade de se espalhar conteúdos impróprios, chulos e de difamação, nos faz refletir sobre a degradação humana promovidas pelas redes, e de como as autoridades devem se posicionar perante estes crimes da era moderna. Teria o Estado condições de fiscalizar e punir os malfeitores? Ou esta seria uma tarefa quase impossível? Já existem delegacias e agentes especializados na condução de investigação destes crimes. Mediante ao crescente número de denúncias atribuídas aos meios digitais de comunicação, em seus variados ramos, criou-se, o poder legislativo, mecanismos que tentam coibir tais práticas como "Lei Carolina Dieckmann – Lei 12.737/12" e o “Marco Civil da Internet – Lei 12.965/14”.
Algo perturbador neste contexto é o fato de nos depararmos com parlamentares que incitam estes crimes contra minorias étnicas, sexuais e partidárias. Como é o caso do Deputado Jair Bolsanaro PP-RJ; Indivíduo que, durante uma fala no congresso, disse a uma deputada: "Só não à estupro pois não merece". Esta mesma pessoa se referiu aos refugiados que buscam abrigo no Brasil, de "escória do mundo": “Não sei qual é a adesão dos comandantes, mas, caso venham reduzir o
efetivo [das Forças Armadas] é menos gente nas ruas para fazer frente
aos marginais do MST, dos haitianos, senegaleses, bolivianos e tudo que é
escória do mundo que, agora, está chegando os sírios também. A escória
do mundo está chegando ao Brasil como se nós não tivéssemos problema
demais para resolver”, disse. Dentre as mais nefastas demonstrações de ódio proferidas pelo político, ainda houve, dentro da entrevista que concedeu a um órgão de imprensa de Goiás, uma posição agressiva sobre a Presidenta Dilma Russef, onde diz:
"Espero que o mandato dela acabe hoje, infartada, com câncer ou de
qualquer maneira", disse. "O Brasil não pode continuar sofrendo com uma
incompetente, ou ‘incompetenta’, à frente de um país tão grande e
maravilhoso como esse aqui”.
Estes crimes, apesar de não terem sido, diretamente, declarados no âmbito da internet, e de se esconderem sob a legalidade da imunidade parlamentar, logo se disseminaram pelas redes e a tradução deste descalabro anti-social e perverso culminou com a morte de um Haitiano, após ser espancado por cerca de dez jovens que proferiram, durante as agressões, xingamentos de cunho xenofóbico contra o imigrante. A responsabilidade do parlamentar perante ao fato se torna latente, uma vez que tudo veio ocorrer após seu discurso fascista e de intolerância que foi divulgado pela rede mundial de computadores. A questão é tão grave que grupos neonazistas, simpatizantes do "deputado aloprado", criaram grupos em redes sociais em apoio ao facínora bestial.
A internet virou um palco onde desfila agressores. E as pautas e os agentes precursores que agitam estes ambientes e adoecem nossa sociedade ainda estarão impunes enquanto não forem efetivadas punições exemplares. E que este discurso político que envolve parlamentares, não fique restringida apenas à teoria e se esqueça da prática. E neste mesmo contexto político, há de se exigir que autores de discursos neonazistas/neofascistas, que se utilizam do poder que emana de seus mandatos, não fiquem sem as cabíveis e merecidas sanções e punições. À estes, muito mais que qualquer cidadão comum infrator, por terem um compromisso social central em nossa sociedade, a mão da justiça deve pesar. Garantindo justiça de forma proporcional, de acordo com a responsabilidade atribuída aos seus cargos públicos.
A mobilização social em repúdio às barbares advindas com surgimento e difusão do mundo virtual, como as denúncias de abusos oriundos das redes, será instrumento de suma importância para que, não só se desenvolvam métodos de coibição, como também uma forma contumaz necessária de regulamentar e educar o uso desta importante tecnologia.
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