quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Você ainda CURTE Aécio Neves no face?


 Você ainda curte Aécio Neves no face? Então, provavelmente, bateu panela, tem a síndrome de "vira-latas" e com certeza é dotado de uma falta de senso político inequívoca. Cuidado, pode ser patológico! Além disso, acho que realmente não liga para corrupção ou pode até fazer parte dela, quem sabe, né? 



E muito mais...

   

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Militarismo: O desinformado tornou-se uma ameaça a si mesmo!

 
 

                                                                         Ao fim da segunda guerra mundial, atordoadas, tristes e inconsoladas, famílias que perderam seus entes queridos na mais devastadora das guerras que se tem notícia, clamavam por um mundo diferente, melhor. O fim do regime ditatorial no Brasil, em 15 de março de 1985, trouxe consigo uma brisa de esperança, onde o povo, em fim, poderia decidir seu destino sem o sacrifício da dor em porões tétricos de tortura. Estes dois períodos fúnebres de nossa tenra história neste planeta, um de caráter mais amplo, outro um devaneio mais familiar, nos trouxeram até aqui. Mais sábios, não exitosos em saber mais sobre o passado para não repetir o mesmos erros, hoje somos uma civilização que preza o Amor, a Conversa, o Entendimento a Empatia. Se hoje caminhamos juntos, em direção ao bem estar de todos, é porque, outrora, erramos e erramos feio. 

Ah como eu queria que fosse assim. O passado como professor.

Hoje jovens brasileiros "esclarecidos" pedem a volta do direito de não se ter mais valor. Sim, a Ditadura tratava o cidadão como mero espectador de sua própria vida. Quem decidia o que era bom ou ruim eram os generais do terror. O voto era algo inconcebível. As mazelas, no período em que se registra uns dos maiores níveis de desigualdade social da história, eram tratadas como assunto proibido, existia, mas não se poderia tocar no assunto sob pena da condenação sumária proferida pelos cassetetes do alto poder. "Mas não havia corrupção. Ninguém ficava rico ilicitamente". Que mentira. Lá, naquele tempo, a palavra corrupção era censurada. Veja como são as coisas hoje. Eu posso usar este canal e dizer, livremente, "Este nosso governo é um mar de corruptos e depravadores do direito". Agora, regresse ao período nefasto que foi a ditadura militar e diga isto publicamente! Verás como funciona a masmorra e como é triste sucumbir ao pau de arara. 

Homem tortura em público na parada militar de 1970 em Belo Horizonte MG


O caminho é a liberdade. Ninguém disse que seria fácil. Passamos décadas sem poder escolher nosso destino e de repente nos deparamos com a democracia. As escolhas ficariam difíceis, com certeza erraríamos, como erramos, e talvez voltemos a errar. Mas a democracia é um aprendizado constante e infinito. Regressar ao estado de zumbi é uma loucura. Retroceder pensando que talvez as coisas melhorem é uma quimera. 

"A democracia é um professor. Não se mata o professor por não ter entendido a matéria".







terça-feira, 18 de julho de 2017

Estádio ou Shopping? Eis a questão!




 

Um grande dilema toma conta da torcida do Galo. "Construir um Estádio próprio ou manter 100% do Shopping Diamond Mall? 

Difícil de dizer...

O fato é que, para concretizar o sonho de boa parte da torcida, há de se observar os riscos da construção de um estádio próprio abrindo mão da futura aquisição integral de um dos mais luxuosos empreendimentos comerciais do país.

Shopping do Galo
Arena Multiusso


Pelos cálculos apresentados pela diretoria, os valores arrecadados com o estádio suplantariam a arrecadação oriunda do shopping. Hoje o Galo fica com 15% do faturamento do conjunto de lojas do bairro de Lourdes. Mas, em nove anos este percentual passaria a ser de 100%, fazendo com que o clube se transformasse em uma das agremiações que mais faturam em todo país. 

É interessante observar que este audacioso empreendimento se difere dos demais pelo país. Daqueles que resolveram construir ou modernizar suas arenas para o futebol, nem todos obtiveram sucesso com a construção de estádios próprios. Como é o caso do Corinthians, que acumula dívidas estratosféricas na administração do Itaquerão-SP.

Por outro lado, clubes acabaram se dando bem, como o Atletico-PR e o Palmeiras, que viabilizaram suas arenas e hoje colhem bons frutos.

O fator primordial talvez não seria aguardar até 2026? Com a aquisição integral do Shopping Diamond Mall, o clube poderia ter maiores garantias econômicas que viabilizasse o sonho e ao mesmo tempo não corresse tantos riscos...

Mas, se tratando de um antigo sonho... quem sabe esta não seja uma oportunidade única?

 


quinta-feira, 6 de julho de 2017

Fim da Lava Jato!


Com papel importante, que abalou as estruturas políticas do Brasil, com forte e inequívoco ideal político de acabar com o Partido dos Trabalhadores (PT), sem se ater a outras siglas, principalmente de direita, a Operação Lava Jato chega ao fim de forma melancólica. 
Suas bases puramente partidárias foram além do limite que se exigia. A formação do grupo (Força Tarefa) que investigava supostos desvios na Petrobras acabou revelando mais que seus investigadores queriam. A gota d'água foram as revelações de Joesley Batista  (JBS), que atingiram diretamente os dois principais caciques da política de direita do Brasil; Michel Temer e Aécio Neves. este, com certeza, foi o estopim para que a "Sangria fosse Estancada definitivamente", conforme sentenciou o então Ministro Romero Jucá, quando disse que haveria de se colocar Michel Temer no poder no intuito de se limitar todo aquele imbróglio causado pela "má" condução das denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro da Petrobras.  A ordem para que se desfaça a força tarefa da Lava Jato já o o golpe fatal que põe fim ao regime policilesco proferido pelos arautos da lei. Lei esta que se utiliza de dois pesos e duas medidas. 

O Plano "Lava Jato" Falhou?

Parece que não. De certa forma, a criação de todo este aparato policial de direita, que visava retirar o PT do poder e restabelecer às elites sua predominância política no país, logrou êxito. Apesar dos percalços, o STF entendeu o recado enviado por Temer e sua Orcrim. Primeiro liberando Aécio Neves depois Rodrigo Rocha Loures. Com medo do efeito cascata, o Conselho de Ética do Senado engavetou o processo que pedia investigação contra o Mineirinho. Com a ajuda de Moro, que rechaçou Eduardo Cunha ao não aceitar sua delação, Temer parece ter ser fortificado. Apesar de ter um páreo duro, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que afirmou ter sentido náusea ao ouvir o áudio do empresário Joesley Batista e Michel Temer, onde o "p"residente combina a manutenção do aporte financeiro ao ex deputado Eduardo Cunha no intuito de mantê-lo calado.  Michel Temer lida agora com a votação que pode autorizar abertura de investigação contra ele na Câmara dos Deputados. Após o acordo firmado com o PSDB, de livrar Aécio Neves do processo no Senado, o Presidente poderá respirar aliviado, pois há indícios de que esta manobra de livramento pode ter sido a moeda de troca em favor da manutenção de Temer no poder. Sérgio Moro deverá proferir a sentença política de Lula a qualquer momento. Fato que será glorificado pela mídia, mesmo na ausência de provas que o incrimine. 

O que resta aos paneleiros e camisetas amarelas do golpe?

Quase 100% daqueles que foram as ruas ou bateram panelas em suas sacadas gourmet durante o governo Dilma, o fizeram pois não obtiveram sucesso nas eleições de 2014, quando seu candidato acabou derrotado. Para este enorme grupo, o que interessava não era acabar com a corrupção, longe disso. O que lhes movia era o desejo de vingança frente a derrota democrática que tiveram que amargar. Destes, um enorme percentual é formado por trabalhadores e trabalhadoras. Caberá a estes assumir seu papel de cúmplices do"Golpe", reconhecendo seu erro e se manifestando afim de não perderem seus direitos trabalhistas e previdenciários, ou engolir as reformas de maneira calada, serviu e covarde.   



quarta-feira, 28 de junho de 2017

O Kristallnacht de Temer! Presidente confiscou panelas.


 
Durante o pronunciamento do excelentíssimo presidente da república michel temer, que rebatia as acusação a ele imputadas pelo Ministério Público Federal, um fato chamou a atenção; "A ausência do ecoar das panelas na sacadas gourmet"! Muitos poderiam atribuir o fato à hipocrisia e a conivência destes indivíduos com aqueles que praticam corrupção verdadeira, ou seja, o desvio de verba pública para benefício próprio. Mas na realidade não foi isso que aconteceu. O que houve foi que uma medida provisória lançada pelo presidente da republica à véspera de seu pronunciamento, confiscou nas casas destes arautos da honradez, todas as suas panelas e qualquer objeto que pudesse ser usado como instrumento de protesto contra o governo.

Mayra Montenegro Vilas Boas relatou sua história à reportagem:

Montenegro: "Cheguei em casa por volta das 14 horas, sabia que o Sr. Presidente faria um discurso as 15 horas. Procurei por Madalena, minha empregada, pois é ela que sabe onde ficam as panelas lá de casa. Madalena se mostrou apreensiva, com medo que lhe castigasse novamente, como aconteceu depois da última vez que flagrei ela tomando o Danoninho do júnior; sabe como é, né? Estas crianças voltam da faculdade morrendo de fome, e se meu Junior perceber a falta de algum pote, ele se revolta, foi quando ela me disse que chegaram algum homens, todos de preto, óculos ray ban, destes modelos cafonas, e esvaziaram todo o "paneleiro"! Foi horrível, disse ela... chorou muito coitada, pois disse que ia descontar do salário dela aquelas panelas, vai ter que trabalhar uns dois anos sem receber pra pagar o que me deve, com certeza...

A triste história contada pela finíssima Senhora Mayra Montenegro se repetiu por todas as capitais e cidades onde cidadãos "do bem" se utilizaram destes utensílios para protestar contra as "Pedaladas Fiscas" que garantiam a manutenção de programa sociais. Temer instaurou o seu Kristallnacht, ou Noite dos Cristais. Quanto a estes singulares brasileiro, que perderam suas panelas mas mantiveram sua finesse, fica aqui o nosso mais humilde pesar perante às ocorrências.     




 

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Brasileiro adora o mal feito!



                                                     As pedaladas fiscais de Dilma foram uma aberração tamanha que grande parte da população se manifestou de forma participativa e calorosa nas ruas e sacadas gourmet. Daí se pensa: "Se pelas manobras fiscais, que propiciavam a manutenção de programas social, o brasileiro se mostrou tão revoltado, imagina com a corrupção explicita? Ledo engano. A corrupção está aí, escancarada, mais do que documentada e provada mas aquelas pessoas que foram as ruas pedir o Fora Dilma, ou que tilintaram suas panelas nas sacadas, permanecem silenciosamente coniventes com os atuais "Mal Feitores" de nossa doente república. Malas de dinheiro sendo carregadas por assessores diretos, gravação de áudio com promessas de dinheiro e até ameaça de morte, não foram capazes de acender no coração tupiniquim aquela chama de justiça que lhes acometera quando o governante se tratava de uma pessoa do sexo feminino apoiada por classes sociais menos abastecidas da sociedade.



Neves e os 4 milhões!

Por mais incrível que possa parecer, mesmo com os áudios, as dezenas de denúncias, e até ameaça de morte, Aécio Neves (O Mineirinho) ainda possui 4.273,592 seguidores no facebook. Algo sul real e degradante, se tratando de uma figura pública que deveria ser exemplo de comportamento. 
Não se assuste ao abrir a página do Mineirinho no face e encontrar dezenas de amigos seus nos likes do "Rei de Furnas"! Parece piada mas é a mais pura e desonesta verdade. Seus Amigos piram no mal feito e sim, vão dar Likes em Aécio, Temer e Bolsonaro, do corrupto ao fascista, sempre haverá a simpatia daqueles que, por um motivo ou outro, adoram o mal feito!





 

terça-feira, 8 de novembro de 2016

João XXIII





                                            Havia um olhar sombrio, que visitava meus recantos a todo o momento. Parecia estar espreitando, aguardando o momento ideal para me levar consigo. Não me abatia, não me desesperava. Via o medo, mas, não o sentia dentro de mim. Poderia acariciar-lhe a face sem que ele me levasse ao pânico ou, no mínimo, receio.

“Saí atropelando todo mundo. Os caras queriam me pegar. Corri pela avenida, atravessei de um lado para o outro em zig zag, tentando me desvencilhar de suas mãos, e a cada aproximação um soco que me infligiam. Passei diante de um automóvel que teve que frear se não me atropelava. Corri por trás de um ônibus que estava estacionado e atropelei uma senhora que estava parada aguardando com algumas sacolas. Neste momento caí e torci meu tornozelo. Mesmo assim, levantei rapidamente e corri para dentro de uma estação rodoviária ali perto. Já fatigado, fui me esconder dentro do banheiro da rodoviária. Parecia seguro ficar ali. Parecia! Só ouvi o estrondo, deram um chute na porta, arrebentando o trinco. Eram meus algozes, três ao todo. Um carregava uma faca, enquanto os outros cerravam os punhos, enfurecidos, com intuito de massacrar!”

Os sentidos, após uma cirurgia, retomam de maneira lenta e gradativa. Primeiro, como fosse um sussurro, um som distante e quase inaudível, mas que aos poucos vai avolumando. O mesmo acontece com a visão. Lentamente as cores vão ficando mais vivas e o brilho vai lhe afastando, aos poucos, do breu que lhe acomete. Acordei naquela manhã deitado num leito de hospital, com aparelhos ligados a mim por sensores grudados por todo meu corpo. No dedo anelar da mão direita, um grampo, aparentemente media meus dados vitais. Observei, introduzido no meu corpo, entre o quadril e a ultima costela, do lado esquerdo, uma sonda, que sugava um líquido para uma bolsa pendurada no beiral da cama. Comecei a sentir uma ardência muito forte na virilha. Levantei o lençol e pude perceber; introduzida pelo canal de meu pênis, mais uma sonda. Esta, drenava sangue, como pude perceber, para outra bolsa, ainda maior, pendurada do lado inferior à direita do leito. Senti-me a nova criação de Victor Frankenstein. A enfermaria estava extremamente movimentada. Enfermeiros transitavam de um lado para o outro, conversavam, riam, gesticulavam uns aos outros. Médicos examinavam pacientes acamados. Alguns destes pacientes estavam desacordados. Tentei chamar uma enfermeira, mas, a voz não saia. Levantei o braço e ela veio ao meu encontro.
_Está bem? - perguntou.
_Sim, mas gostaria de saber as horas.
_Três horas!
_Da tarde?
_Não, da madrugada!
Não acreditava! Tudo estava tão frenético e a luzes acesas não permitiram que eu percebesse. A senhora, de meia idade, avental branquíssimo, óculos baixo, me observava por cima da armação, retirou do meu dedo o grampo que media meus batimentos ou algo parecido. Trocou-o para o dedo médio. Fez uma pequena massagem no meu dedo anelar, onde o aparelho estava fixado, me contando uma história:
_Houve, recentemente, um caso. Um paciente perdeu parte do dedo devido à gangrena. As enfermeiras que cuidavam deste paciente, que estava em coma, esqueceram-se de trocar o aparelho de dedo. Logo após despertar, houve a necessidade de amputar parte do indicador do rapaz. Por isso, sugiro a você; não aguarde que façamos isto. Você está acordado, troque de dez em dez minutos o medidor, de um dedo para o outro.
Assustei com o tom de ameaça proferido por aquela profissional. Preferia estar sendo cuidado por outra pessoa. Não me senti confortável, não pelas palavras, mas, com tom agressivo.
As horas naquele recinto custavam a passar. Restava a mim observar a movimentação. Com o passar do tempo, passei a sentir dores fortes no abdome. Até aquele momento não havia percebido. Entretanto, munido de curiosidade, devido aquela dor forte que sentia, levantei o colarinho da roupa que vestia e vi a operação. Desde a parte superior do abdome até a virilha. O rasgo emendado por linhas cirúrgicas descia pouco abaixo do peitoral, contornava o umbigo até chegar bem próximo a virilha. Meus olhos, neste momento inundaram. Minha percepção dos fatos me alertavam que ficaria ali por mais tempo que havia imaginado. Calculava uns três dias para poder conseguir alta e voltar para terminar de me recuperar em casa. Era terrível. Chamei uma das enfermeiras, relatei as dores. Ela trouxe um comprimido que tomei com bastante dificuldade. Continuei ali, observando o movimento. Acalentado pela sorte que aparentemente tive em ainda estar vivo.
Do meu lado direito, em coma, era o que se notava, no leito, um senhor de idade. Uns 50 ou 60 anos. Pude perceber, pela conversa das moças que cuidavam dele, que ele havia chegado ao pronto socorro após ter sido espancado em uma festa numa cidade do interior. A cidade era Oliveira. Alertei naquele momento, pois, esta era minha cidade natal, onde morava alguns de meus irmãos e parentes. Fiquei atento, tomei coragem e pedi mais detalhes a elas, explicando que eu era de lá. O fato era que, durante uma festa no parque de exposições da cidade, este senhor havia se envolvido em uma briga com valentões que estavam utilizando drogas próximo à vítima, que foi tirar satisfação e acabou sendo espancado. Disseram às enfermeiras que até uma mulher havia participado da sessão de espancamento. A situação era gravíssima, não tinha muita esperança que ele fosse se safar. Este senhor já estava no hospital havia algumas semanas e nenhuma melhora fora percebida desde sua chegada.
À minha esquerda tinha uma menina, acompanhada pela mãe. Tinha uns 10 ou 11 anos. A cuidadora que lhe atendia dizia, com satisfação, que, apesar da gravidade da lesão, ela não havia perdido o rim. Isto aconchegava a mãe da menininha. Neste momento, vendo que eu observava, a enfermeira se dirigiu a mim dizendo; _Diferente de você, rapaz! Você perdeu um rim.
As visitas aquela enfermaria estavam previstas para as 14 horas. Era por volta de meio dia e alguém havia me alertado que estavam no saguão algumas pessoas esperando para poder me ver. Em breve raciocínio pensei: Meus pais, alguns de meus irmãos, minha namorada. Fiquei feliz com a notícia. Já não via a hora de vê-los. O tempo se arrastava mais lentamente ainda. Chegada à hora, observei meus pais adentrando a enfermaria. Traziam no olhar a emoção, medo e angústia. Aproximaram. Minha mãe tratou de me abraçar, prostrando sob o leito. Meu pai agarrou minha mão e perguntou, ainda sem saber ao certo o que dizer: _O que houve Vitinho? Disseram que você levou uma paulada. Sorri e gesticulei negativamente coma cabeça. Depois expliquei.
_Foi um assalto pai, me deram uma facada nas costas. Mas, estou bem. _Disseram quanto tempo ficará aqui?
_Não. O médico disse que não tem previsão. O nome dele é Daniel.
_Vamos perguntar a ele.
Enquanto isso minha mãe queria apenas me trazer ao colo. Impossível naquele estado que me encontrava. Suas lágrimas caiam em meu rosto, suas mãos acariciavam meus cabelos suavemente.
_Fique tranqüila mãe. Estou bem. Está tudo bem.
_A enfermeira disse que você perdeu um rim, é verdade? Perguntou-me meu pai.
_Não senhor! Ela está enganada. Perguntei ao médico, Daniel, ele disse que tive uma lesão grau 4 no rim, numa medida que vai de 1 a 5. Entretanto, não perdi o rim com ela está dizendo.
_Que boa notícia filho; completou minha mãe.
_Prefiro acreditar nele, afinal, ele me operou.
Passados alguns minutos vieram me ver meus irmãos. Depois uma amiga, posteriormente minha namorada, que havia me acompanhado ao hospital depois do foto ocorrido. Senti-me renovado e quase pronto para voltar para casa. Apesar de tudo, foi uma grande satisfação saber que não estava só.
Como já havia mencionado, as horas naquele local passavam como uma lesma buscando a umidade, fugindo do calor do sol. Seria com muita paciência que aguentaria aqueles dias até meu retorno ao meu lar.

“Estava caminhando pela calçada. Sou um cara temente a Deus, não faço nada de errado. Levei quatro tiros de balas perdidas. Muito azar mesmo foi quando cheguei ao hospital. Parecia uma peneira. Vazava sangue pra tudo quanto é lado. Igual o chafariz da praça central. Daí o Doutor mandou eu deitar de lado. Senti o dedo dele lá no meu ânus. Foi terrível, gritei pra ele: _Doutor, tu não me chama para almoçar nem tomar um café e já está com o dedo aí dentro, porra! Levar uma bala no ânus não é pra qualquer um não! Os profissionais da saúde é que aproveitam, tacam o dedo mesmo, não estão nem aí. Nos meus olhos nunca desceram tanta lágrima. Mais um pouco e tinha pedido o Doutor em casamento!”

Uma semana antes de ir parar no João XXIII ouvi uma notícia no rádio que me chamou a atenção. Após uma briga na fila do INSS, um rapaz fora atingido por golpe de faca, na barriga. Disse o repórter que a briga foi em virtude de uma disputa entre guardadores de lugar; pessoas que vendiam lugar na fila do INSS. Costumava ir naquela agência, a trabalho, protocolar alguns documentos e fazer solicitações. Lembrei que o rapaz havia sido encaminhado ao João XXIII, onde me encontrava naquele momento. Engraçado como é a vida. No mínimo interessante.
A noite aproximava-se, e o movimento daquela enfermaria não parava. Estava no horário de troca de turno. Alguns enfermeiros tiveram que permanecer aos seus postos pois, em virtude de uma greve da classe, alguns trabalhadores haveriam de se atrasar, se viessem, aliás. Eles reivindicavam reajuste salarial e alguns benefícios. Beirando as 20 hs um susto. Adentraram o quarto vários enfermeiros e uma médica. Todos empurrando uma maca com um paciente desacordado sobre ela. Pararam e deram início as tentativas de restabelecimento da vida do moribundo. Começaram pelo desfibrilador, deram vários choques em um intervalo de poucos minutos. Insatisfeito com o resultado, um dos socorristas subiu na maca, apoiando os pés nas extremidades do leito, ajoelhou-se com o paciente entre os joelhos, começou a pressionar com violência as palmas das mãos sobre o peito do doente. Foram minutos ininterruptos de tentativas, mas sem sucesso. Já não havia mais nada o que poderiam fazer para reanimar aquela pessoa.
A morte é o único destino inevitável, trás consigo a dor da perda, mas ensinamentos para a vida. Será preciso morrer para reconhecer o valor da vida? E se não morrêssemos? E se fôssemos eternos? De certo, caso esta fosse nossa realidade, viveríamos em um mundo repleto de cientistas loucos tentando desvendar uma maneira de ceifar a vida, possibilitando ao ser um descanso eterno sem vibrações e turbulências. Mas, por sorte, fomos agraciados com a morte, assim, a vida segue com algum sentido.
O hospital, sobre o leito, nos dá tempo de dissertar sobre as nuances da vida. Se apreciar este tempo refletindo sobre sentido de tudo, com toda certeza, sairá dali uma pessoa mais sábia. Nestes três primeiros dias de internamento, deitado naquele leito de hospital pude perceber muita coisa que até então estava camuflada dentro de mim. Percebi, por exemplo, a mediocridade de meu jeito de ser. Era um cara extremamente tímido. Perdi N oportunidades de mudar meu destino devido a minha timidez e meu receio de tudo e todos. Posso dizer que a experiência vivenciada foi o trampolim para uma nova vida. Mas, por enquanto, esta história ainda não terminou. Não se trata, este parágrafo, do fim deste conto...