Ao fim da segunda guerra mundial, atordoadas, tristes e inconsoladas, famílias que perderam seus entes queridos na mais devastadora das guerras que se tem notícia, clamavam por um mundo diferente, melhor. O fim do regime ditatorial no Brasil, em 15 de março de 1985, trouxe consigo uma brisa de esperança, onde o povo, em fim, poderia decidir seu destino sem o sacrifício da dor em porões tétricos de tortura. Estes dois períodos fúnebres de nossa tenra história neste planeta, um de caráter mais amplo, outro um devaneio mais familiar, nos trouxeram até aqui. Mais sábios, não exitosos em saber mais sobre o passado para não repetir o mesmos erros, hoje somos uma civilização que preza o Amor, a Conversa, o Entendimento a Empatia. Se hoje caminhamos juntos, em direção ao bem estar de todos, é porque, outrora, erramos e erramos feio.
Ah como eu queria que fosse assim. O passado como professor.
Hoje jovens brasileiros "esclarecidos" pedem a volta do direito de não se ter mais valor. Sim, a Ditadura tratava o cidadão como mero espectador de sua própria vida. Quem decidia o que era bom ou ruim eram os generais do terror. O voto era algo inconcebível. As mazelas, no período em que se registra uns dos maiores níveis de desigualdade social da história, eram tratadas como assunto proibido, existia, mas não se poderia tocar no assunto sob pena da condenação sumária proferida pelos cassetetes do alto poder. "Mas não havia corrupção. Ninguém ficava rico ilicitamente". Que mentira. Lá, naquele tempo, a palavra corrupção era censurada. Veja como são as coisas hoje. Eu posso usar este canal e dizer, livremente, "Este nosso governo é um mar de corruptos e depravadores do direito". Agora, regresse ao período nefasto que foi a ditadura militar e diga isto publicamente! Verás como funciona a masmorra e como é triste sucumbir ao pau de arara.
Homem tortura em público na parada militar de 1970 em Belo Horizonte MG |
O caminho é a liberdade. Ninguém disse que seria fácil. Passamos décadas sem poder escolher nosso destino e de repente nos deparamos com a democracia. As escolhas ficariam difíceis, com certeza erraríamos, como erramos, e talvez voltemos a errar. Mas a democracia é um aprendizado constante e infinito. Regressar ao estado de zumbi é uma loucura. Retroceder pensando que talvez as coisas melhorem é uma quimera.
"A democracia é um professor. Não se mata o professor por não ter entendido a matéria".